sábado, 26 de abril de 2008

Desperdício de alimentos no país gera prejuízo de R$ 12 bilhões por ano


O Brasil desperdiça atualmente o equivalente a R$12 bilhões de reais por ano em comida, segundo dados do Serviço Social do Comércio (Sesc). Ao todo, são 39 milhões de toneladas de alimentos por dia, quantidade suficiente para alimentar - com café-da-manhã, almoço e jantar - 39 milhões de pessoas, quase os cinqüenta milhões que ainda passam fome no país, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Atualmente, discute-se a possível escassez de alimentos gerada pela polêmica dos biocombustíveis e a necessidade de organizar grandes áreas para a plantação de cana e milho. Diante desse novo fator para a economia de muitos países, o que antes era preocupação exclusiva dos profissionais do ramo, chegou a alarmar também os consumidores, pois o resultado de tudo isso pode ser a alta no preço dos alimentos básicos.

Porém, de acordo com Marcelo Carvalho, professor da Universidade Metodista de São Paulo, mesmo com a grande campanha brasileira a cerca dos biocombustíveis, o preço dos alimentos no país dificilmente será afetado.

Segundo a coordenadora da ONG Bando de Alimentos, Isabel Marçal, existe no Brasil uma espécie de “cadeia de desperdício” e grande parte dele é responsabilidade do consumidor. “Só da produção agrícola do Brasil, 61% dos alimentos são desperdiçados. Além disso, há desperdício na colheita, no armazenamento, no transporte, no varejo e, finalmente, no consumidor final”, afirma Isabel Marçal.

Tendo em vista essas porcentagens, a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo elaborou um programa para evitar perdas em todas as fases da produção dos alimentos. O planejamento começa pelo plantio, quando são selecionadas as variedades mais adequadas às condições locais de clima e solo. Além disso, considera-se as potencialidades do mercado e as melhores épocas para a comercialização.

Essa espécie de “guia antidesperdício” também conta com a sugestão do uso adequado de adubos e defensivos agrícolas e com o treinamento da mão-de-obra na colheita e o correto manuseio e armazenamento dos produtos.

Consumidor Mesmo com todo esse planejamento para a produção dos alimentos, a parcela de desperdício do consumidor final ainda é muito grande. Em pesquisa realizada pela Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, ficou comprovado que 30% de toda a comida comprada por uma dona de casa acaba indo para o lixo.

Segundo Raquel Diniz, coordenadora de mobilização do Instituto Akatu, ONG que trabalha pelo consumo consciente, o brasileiro desperdiça muito pela falta de planejamento na hora de fazer compras.

“As pessoas costumam encher o carrinho no supermercado, lotar a despensa de casa e servir grandes quantidades de comida à mesa, mas elas se esquecem de que existe um ato antes da compra, que é justamente o planejamento”, afirma Raquel, que ensina: “Algumas dicas que a gente aqui costuma dar é para sair de casa com a listinha pronta, sabendo o que comprar dentro do que o orçamento de cada um permite; tentar reinventar novas receitas com o que sobrou dos alimentos; ter o habito de congelar o que não vai comer; doar os alimentos para uma pessoa próxima de você e não deixar lá na dispensa ou no fundo do armariozinho”.
A falta de cuidado por parte dos consumidores também é um dado grave quando o assunto é desperdício. Nos mercados, os consumidores apertam, amassam, colocam a unha e quebram a ponta dos alimentos para checar se eles têm qualidade. A conseqüência disso é o estrago desses produtos, que não vão ser comprados pelo consumidor exigente, e a perda de cerca de um quarto de todas as frutas e verduras que produz.

Diante dessa falta de cuidado, a alta no preço dos alimentos é inevitável. O vendedor, além do lucro e dos custos de produção, acaba precisando cobrar a mais do consumidor para compensar a perda desses alimentos estragados.

O caso do tomate, por exemplo, é o mais grave. De acordo com o Centro de Agroindústria de Alimentos da Embrapa, o comerciante cobra cerca de R$ 0,28 por quilo para compensar a perda. Outros alimentos que mais obtiveram alta devido ao repasse dos custos de estragos foram o pimentão, a cenoura, a banana, o morango, a couve-flor, o alface, e o repolho.

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