sábado, 12 de abril de 2008

Ecoeconomia - Você já ouviu falar?

A preocupação em estabelecer uma política econômica engajada com as questões ambientais é conhecida como "ecoeconomia" e, apesar de relativamente nova no mundo, já faz a cabeça de muitos economistas no Brasil. “A separação entre meio ambiente e desenvolvimento econômico é totalmente errada e atrasada”, afirma Hugo Penteado, economista chefe e estrategista de investimentos do ABN Amro Asset Management.

A China é o caso que mais assusta os admiradores da ecoeconomia. “O que realmente nos importa é que os chineses, de qualquer maneira, vão enfrentar novos e complexos problemas. Eles cresceram desordenadamente, sem cuidar dos recursos naturais e do meio ambiente e, portanto, sem criar um desenvolvimento sustentável nesse sentido”, afirma Fernando Daier, economista do banco Cruzeiro do Sul.

Segundo Daier, 80% da água na China está contaminada por conta da falta de tratamento dos resíduos industriais e apenas 20% de seu território é cultivável. “Dessa maneira, em breve, os chineses estarão trocando produtos industriais por alimentos e água, que cada vez estão ficando mais caros”, acredita Fernando.

Todavia, esse não é só um problema chinês. Muitas economias cresceram tanto que hoje são capazes de produzir num único ano o que produziam em cem. Os exemplos mais recentes, além da China são: Índia, EUA, Rússia e Brasil.

Para medir o nível de consciência ambiental dos países, começaram a aparecer alguns indicadores, que, inclusive, já estão sendo usados como alternativa ao PIB. A própria ONU publicou um guia sobre o assunto, chamado Handbook of Integrated Environmental and Economic Accounting.

Atualmente, o mais conhecido dos indicadores ambientais é a Pegada Ecológica, criada pelos economistas Mathis Wackernagel e William Rees. O objetivo deste indicador é estimular que as atividades humanas de produção e consumo das grandes economias utilizem recursos naturais renováveis, o que não implicaria em impactos ambientais em longo prazo.

Estimativas apontam que apenas nos EUA, em uma década, cerca de 226 trilhões de quilos de recursos naturais são transformados em gases e sólidos totalmente improdutivos.Para ajudar os economistas engajados com as questões sócio-ambientais, a pressão da sociedadade tem grande peso e, sendo assim, muitas empresas já passaram a adotar uma postura mais ligada ao compromisso socioambiental. Aqui vale citar grandes nomes como a Petrobrás, a Natura e, curiosamente, grandes grifes de roupas, como a Levi´s, que tem uma coleção inteira com o chamado “jeans ecológico”.

Crítico da “economia de descarte e do jogar no lixo”, o economista Hugo Penteado também é autor do livro “Ecoeconomia, uma nova abordagem”, publicado em 2003. No livro, ele coloca em cheque as políticas econômicas que desprezam o meio ambiente e mostra que o sistema econômico está diretamente ligado à natureza. “Hoje em dia, sabemos que o dano ambiental virou um problema financeiro e agora nos resta rearranjar a política econômica e correr atrás do prejuízo”, afirma Hugo.

Segundo o especialista, o grande equívoco da sociedade atual foi achar que o ser humano é capaz de produzir alguma coisa.” Infelizmente, ele é um mero transformador dos recursos”, indigna-se Hugo, que continua: “Tudo que está em nossa volta, sem exceção, veio da natureza, inclusive o sistema econômico. Sendo assim, nós estamos destruindo os serviços que o meio ambiente nos oferece e que não somos capazes de produzir. E tudo isso está ocorrendo porque a gente criou a economia do descarte e vivemos no mundo do jogar fora”.

Há um fato que, independente da opinião alheia, não há como negar. O sistema econômico é degenerativo e linear: ele tira da natureza, usa e, depois, descarta. Segundo informações contidas no livro de Hugo – Ecoeconomia – a Europa destruiu 100% das florestas, os Estados Unidos, 98% e a Itália destruiu 99% dos manguezais. De acordo com o economista, agora a destruição do meio ambiente passou para os países mais pobres, tidos como “em desenvolvimento”. “Esse péssimo modelo está sendo seguido pela Índia, pela China e pelo Brasil como uma solução”, afirma Hugo.
Com a economia de mãos dadas com a consciência ambiental, espera-se que o Planeta Terra sobreviva a toda essa história de depredação. “Precisamos pensar no nosso planeta como um estoque geral a ser preservados por todos nós”, conclui Hugo Penteado.

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